Graça



Conceito

O que é a Graça? Qual o seu significado? Para quem é cristão do meio evangélico parece ser fácil entender que este termo está ligado diretamente com o plano da salvação. Porém, como abordar com um irmão católico, por exemplo, que na maioria das vezes acredita que a salvação é pelas obras, em que você precisa fazer o bem para pagar o mal que você faz, e assim poder ir para o céu, caso contrário você irá parar no inferno? Neste primeiro momento, irei trabalhar alguns conceitos do termo graça, e como eles são encontrados na Bíblia, que é a Palavra de Deus.

Ao consultar um dicionário (Minidicionário Luft, Editora Ática, 14ª edição, 2001.) Encontrei oito significados diferentes para o termo graça. Eis os significados encontrados: 1. Favor; mercê. 2. Ato de clemência; perdão. 3. Atrativo; elegância. 4. Dito espirituoso; gracejo. 5. Dom espiritual; ajuda divina. 6. Nome de batismo. 7. Simpatia. 8. De graça: gratuitamente. Neste estudo, vamos nos concentrar em três destes oito significados: o 1, 2 e 5.


Significado 1: Favor; mercê. (João 10:14-15, 17-18, 27-28)

“14Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, 15assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. [...] 17Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. 18Ninguém a tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai. [...] 27As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem; 28eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão”.

Deus nos dá a vida eterna em Jesus Cristo (João 3:16), que entregou sua vida por nós espontaneamente, por vontade própria, ninguém o obrigou a isso. Aqui podemos associar o significado 8 também, pois foi um ato gratuito, já que ele não cobrou nada em troca pelo serviço prestado a nós seres humanos. Esse foi um ato que partiu de Deus.


Significado 2: Ato de clemência; perdão. (1 João 1:9)

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”.

Quando reconhecemos o amor de Deus por nós, e permitimos a ação do Espírito Santo, somos levados ao arrependimento (João 16:8). A parir daí confessamos nossos pecados, e através da fé recebemos o perdão de Deus. Deus é tão misericordioso ao ponto de fazer questão de esquecer as nossas iniquidades confessadas, e depois de perdoadas, ele simbolicamente as joga no fundo do mar justamente para nunca mais as reencontrar, e nem mesmo relembrar delas (Miquéias 7:18, 19). Um exemplo prático disso é o caso da mulher flagrada em adultério, e que estava a ponto de ser condenada ao apedrejamento, e que foi levada a Jesus, para os fariseus tentarem achar algo para acusa-lo (João 8:1-11). Cristo a perdoou de seus pecados, e a salvou de sua condenação de apedrejamento, retratando a nossa salvação da condenação de morte eterna, e ainda lhe disse “vai e não peques mais”.


Significado 5: Dom espiritual; ajuda divina. (Romanos 6:23; Efésios 2:8)

“23Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor”. Romanos 6:23

“8Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus”. Efésios 2:8

A Graça vem de Deus, e não de nós. Não há nada que possamos fazer de bom o suficiente para pagar os nossos pecados e ter acesso ao reino dos céus, pois somos todos pecadores, e a nossa natureza é pecaminosa, ou seja, o pecado é algo natural de nós e não há a mínima bondade em nossos corações para que possamos, por nossos méritos de boas obras, receber perdão de Deus e sermos salvos.

“Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um”. Salmo 14:3

“Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um”. Salmo 53:3

“10como está escrito: Não há justo, nem sequer um. 11Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. 12Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só”. Romanos 3:10-12

“Eis que eu nasci em iniquidade, e em pecado me concedeu minha mãe”. Salmo 51:5

“16E eis que se aproximou dele um jovem, e lhe disse: Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna? 17Respondeu-lhe ele: Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom; mas se é que queres entrar na vida, guarda os mandamentos. Mateus 19:16, 17


A Graça e as obras

Feito este levantamento do conceito do termo Graça, muito empregado na Bíblia para se referir ao meio pelo qual somos salvos, há um problema que surge. Há quem diga que a salvação é pelas obras, e pelas boas obras, como fazer gestos de caridade, amor ao próximo e perdão. Um dos textos utilizados é de Tiago 2:17-18, em que diz: “17Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma. 18Mas dirá alguém: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me a tua fé sem as obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”. E aí entra uma questão interessante.

Eu sou membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, e como você pôde ver, até o momento eu apresentei que a salvação é pela Graça, como é apresentado em um texto citado, de Efésios 2:8. Porém, mesmo ensinando que a salvação é pela Graça, vários irmãos evangélicos acusam-nos de fazermos parte de uma seita por ensinar a guarda dos 10 mandamentos de Êxodo 20:3-17, onde especialmente no quarto mandamento vemos a ordem de Deus para guardar o dia de sábado, conforme Êxodo 20:8-11. Desta forma, a acusação é de que somos legalistas, por guardar este mandamento e ensinar que a salvação se dá por guardar a lei de Deus, contida no Antigo Testamento, uma porção da Bíblia que foi abolida na cruz, juntamente com todos os seus ensinamentos. Há uma verdade e uma mentira nisso.

Se a acusação de sermos legalistas é de que ensinamos aos nossos irmãos a guarda do sábado e dos demais mandamentos desta lei, isso é verdade, e já lhes explicarei o porquê, mas quando se trata de dizer que ensinamos que aqueles que guardam os mandamentos serão salvos, por justamente observá-los e praticá-los, isso é uma mentira. A Igreja Adventista do Sétimo Dia, reconhece a importância da lei de Deus, os 10 mandamentos, mas de forma alguma a organização concordará que a salvação se dá por praticar esta lei, pois isso se configuraria como se fôssemos salvos ou condenados por aquilo que fazemos ou deixamos de fazer. A Igreja Adventista do Sétimo Dia, em seu corpo doutrinário, ensina que a salvação é pela Graça, mediante a fé, mediante o sacrifício expiatório de Jesus Cristo, e que é defendido neste texto. Claro que pode ocorrer de membros de nossa denominação, acabarem ensinando a outras pessoas o contrário do que a organização defende, e isso pode ser motivado por falta de conhecimento bíblico a respeito do assunto, mas, acusar de forma generalizada os adventistas, e a organização, isso não procede.

Mas então, o que Tiago quis dizer no texto referido? Porque em outro texto citado aqui, Jesus diz para o jovem rico que para ele entrar no céu deveria guardar os mandamentos? O que eu quis dizer sobre sermos legalistas por guardar a lei? O que de fato é a Graça?

O que Tiago quis dizer é que quando nos arrependemos de nossos pecados, e os confessamos a Deus pedindo perdão, recebemos a Sua misericórdia. A Graça nos transforma, pois agora estamos dispostos a viver uma vida diferente daquela em que vivíamos sem se importar com os nossos erros. É o Espírito Santo que nos convence do pecado (João 16:8), e o pecado é a transgressão da lei de Deus (1 João 3:4). Quando permitimos que o Espírito Santo transforme a nossa vida, passamos a guardar a lei de Deus, frutificando também os frutos do Espírito Santo, que são nada mais do que boas obras, porém, não é o fato de que eu guardo a lei de Deus e pratico boas obras que vai fazer de mim merecedor da Salvação, pois ela é pela Graça mediante a fé. As obras vão apenas evidenciar, servindo de testemunho, que eu aceitei a Graça concedida por Deus, e que Ele transformou minha vida.

“22Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, 23a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei”. Gálatas 5:23

“Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo”. Mateus 7:19

Mesmo eu sendo um praticante da lei (e por isso sou legalista, pois a pratico em minha vida) e fazendo obras de caridade e amor ao próximo, ainda sim são falhas e não refletem totalmente o amor que tenho por Deus, pois continuo sendo pecador. É por isso que Jesus disse ao jovem rico que não há nada de bom que ele faça que fará garantida a sua salvação. A diferença entre a Graça ensinada por nós adventistas, da Graça ensinada por outros evangélicos, é que nós ensinamos que mesmo aceitando Cristo como nosso Salvador, pedindo perdão por nossos erros, sendo nós perdoados pela Graça de Deus, e até mesmo passando pela cerimônia do batismo, ainda somos pecadores, enquanto que para os outros irmãos protestante somos santos (no sentido católico do termo) em que não há mais pecado em nós e não somos mais pecadores. Mesmo depois de todo este processo, ainda podemos, e certamente iremos cometer novamente algum pecado, até mesmo algum pecado do passado no qual clamamos perdão. O que devemos fazer é lutar contra os nossos pecados, não se conformar com eles, aliás, devemos repudiar o pecado e sempre, todos os dias, a todo instante, clamar pela Graça de Deus, pois a salvação é hoje, agora, até Jesus voltar.

“1Sede pois imitadores de Deus, como filhos amados; 2e andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. 3Mas a prostituição, e toda sorte de impureza ou cobiça, nem sequer se nomeie entre vós, como convém a santos, [...] 7Portanto não sejais participantes com eles; 8pois outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz 9(pois o fruto da luz está em toda a bondade, e justiça e verdade), 10provando o que é agradável ao Senhor; 11e não vos associeis às obras infrutuosas das trevas, antes, porém, condenai-as”. Efésios 5:1-3, 7-11

“Porque diz: No tempo aceitável te escutei e no dia da salvação te socorri; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação ”. 2 Coríntios 6:2


Exercendo a Graça

Um outro detalhe que eu quero ressaltar na relação da Graça e as obras é que os significados 1 e 2 refletem que através de nossas obras podemos colocar em ação, exercendo a Graça de Deus e que transformou a nossa vida, podendo influencia a outras pessoas, para de uma forma indireta, através do nosso testemunho, conhecer o amor de Deus em querer nos salvar. Veja um exemplo a respeito do significado 1: Quando alguém passa perto de nossa casa de bicicleta, e recentemente a correia escapa e fica toda embolada. Como cristãos, vamos atender aquela pessoa, tentando resolver o problema dela, e ainda volto para lhe trazer um copo com água gelada. Isso é exercer a Graça através de boas obras, fazendo um favor ao próximo e de forma totalmente gratuita. 

Quanto ao significado 2, o perdão é um ato muito precioso e que na Palavra de Deus é ressaltada. Jesus disse a Pedro que deveria ele perdoar o próximo setenta vezes sete, o que resulta em quatrocentos e noventa. Isso quer dizer que conceder perdão é limitado? Não! O número sete na Bíblia, e na cultura judaica, significa plenitude, ou seja, ao usar esse cálculo Jesus estava dizendo ao apóstolo que Pedro deveria perdoar sempre (Mateus 18:21, 22).

Mais uma vez ressalto, a salvação não é pelas obras, por boas obras. Não será fazendo favores gratuitos de boa fé e perdoando pessoas que lhe fizeram o mal que vai garantir a sua salvação, mas sim se você entregou sua vida a Cristo, confessou seus pecados e pela Graça foi aceito por Deus, e perdoado. As boas obras serão o resultado da Graça em sua vida, em que você estará apenas exercendo a Graça que mudou a sua você.


Exemplo de uma vida transformada pela Graça

Analisemos a vida de Saulo, um fariseu dentre os mestres da lei, e que esteve envolvido no episódio do apedrejamento do diácono Estêvão (Atos 7). Lucas, o autor do livro, regista que Paulo consentiu na morte de Estêvão (verso 60). A narrativa não registra se Saulo o apedrejou ou apenas assistiu o apedrejamento, mas consentido com sua morte, Saulo tinha sangue de cristão sujando suas mãos. Não muito depois disso, Saulo passou a perseguir cristãos, sendo o mais conhecido dentre os perseguidores, pois ajudou a capturar e mandar para prisão muitos seguidores de Cristo, e desejavam pela morte deles (Atos 8:1-3; 9:1). Foi em meio a todo este tumulto na igreja primitiva que quando fora para Damasco para capturar mais cristãos, ele caiu do cavalo ao contemplar uma luz que surgiu repentinamente e que lhe deixou cego. Neste encontro que ele teve com Jesus, a quem odiava, sua vida foi transformada. Ananias, seguidor de Cristo foi orientado a procurar por Saulo em uma casa de Damasco, trouxe-lhe a cura aos olhos e batizou Saulo logo depois, que passou a adotar o nome de Paulo, tornando-se apóstolo, sendo aceito pela comunidade cristã ao qual era antes um carrasco, e evangelizou gentios.

Porque citei Paulo? Quando se trata de autores bíblicos que abordaram a Graça em seus livros, vemos já no Antigo Testamento Isaías tratar sobre a salvação por este meio (Isaías 55 e 56), mas mais do que qualquer outro, Paulo foi o autor quem mais escreveu sobre ela em suas cartas, e isso pode ter sido motivado justamente pela dor de carregar a culpa na morte de irmãos da igreja, quando ainda se chamava Saulo. Não é à toa que o espinho da carne na qual ele fala é tratada por teólogos como um pecado ou as consequências de algum que Paulo lutava para se libertar (2 Coríntios 12:7-10). Paulo ainda cita que Deus, ao lhe responder a um pedido para remover esse espinho, disse-lhe que apenas a Sua Graça bastava para ele. Aqui vemos Satanás fazer o seu papel de acusador, pois somos dele quando vivemos em pecado, mas depois de libertos do pecado e ser declarados filhos de Deus, ele reivindica-nos como sendo seus, apontando e acusando em nossas mentes cada um de nossos pecados, tantos os do passado, quanto os do presente. Por isso devemos estar alertas contra as investidas do Diabo (o Acusador).


O que é Graça?

Depois de estudarmos até aqui sobre a Graça, qual é enfim a melhor definição a ser dada para este termo? Eu estive vendo na internet um texto muito interessante, e creio eu que o autor não seja adventista, mas quero compartilhá-lo com vocês. Para mim é a melhor definição que eu encontre do termo Graça.

“Graça é favor gratuito, não merecido, mostrado, aos indignos dEle”.

Escolhidos em Cristo – O Que de Fato a Bíblia Ensina Sobre a Predestinação, Samuel Falcão, Ed. Cultura Cristã, 1997, pág. 99-103. URL: http://www.teologiaemfoco.com/2011/12/doutrina-da-salvacao-so-pela-graca.html

O texto deste mesmo autor ainda dá resposta a outra pergunta: Porque a salvação é pela Graça e não pelas obras? Sua resposta é:

“Se a redenção fosse devida a todos os homens, ou se fosse uma compensação necessária à responsabilidade deles, não poderia ser gratuita, e o dom de Cristo não poderia ser uma expressão supe­rior do livre favor e amor de Deus”. [...] Mas as Escrituras declaram que o dom de Cristo é uma expressão sem pa­ralelo de amor gratuito, e que a salvação procede da graça”.

Ou seja, se a salvação fosse pelas obras, ela não seria gratuita, pois teria que partir de nós o pagamento do pecado, que é a morte (Romanos 6:23), o que daria no mesmo de não haver salvação para a humanidade. Se a salvação não fosse pela Graça não teríamos como ter acesso ao favor e ao amor de Deus, por isso a salvação precisou ser pela Graça, onde alguém que não fosse pecador pagasse o preço daquele que é pecador, e no caso Deus se fez carne, “habitou entre nós, cheio de graça e de verdade” (João 1:14), e pagou o preço do pecado que teríamos que pagar. Ele nos libertou da dívida.


O caso de Adão e Eva

Quero finalizar esta mensagem com uma meditação em cima da história de Adão e Eva. Como sabem eles foram criados por Deus e de presente lhes foi dado o jardim do Éden para habitar. Deus, porém, lhes advertiu “16[...] De toda árvore do jardim podes comer livremente; 17mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Deus criou uma infinidade de espécies de árvores frutíferas para serem de alimento ao casal humano, mas apenas uma árvore possuía um fruto que era proibido comer, a do conhecimento do bem e do mal. Na verdade, aquela árvore e seu fruto não tinham nada de mágico, era apenas um teste de fidelidade às ordens de Deus, tanto que Ele deu uma infinidade de outras árvores frutíferas que se podiam comer. Ao desobedecer a uma ordem de Deus, e que toda ordem de Deus é uma lei, estariam praticando um pecado, pois é a transgressão da lei (1 João 3:4). Eva, caindo na lábia da serpente, acabou comendo o fruto e dando a Adão que também comeu (não vou me deter aqui a explicar os detalhes deste fato), e assim ambos se tornaram pecadores, e sua natureza que até então era boa, se tornou corrompida e má, e isso foi passado aos seus descendentes até os dias de hoje, e continuará até a volta de Jesus. Ao pecarem sentiram logo as consequências de seu ato.

“Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais”. Gênesis 3:7

Adão e Eva embora vivessem nus, eram revestidos de glória, que resplandecia como uma poderosa luz, e ao perdê-la, sentiram vergonha, não do pecado que cometeram, mas da perda desse revestimento. Deveriam eles procurar a Deus para achar uma solução para esse problema. Mas você pode estar pensando, como poderiam eles procurar a Deus para resolver isso, Deus os iria destruir, iria mata-los, pois na ordem dada Ele havia dito que o casal morreria se desobedecessem a esta ordem. Meu irmão, a pergunta é: Deus mata? Veja o que a Bíblia diz:

“Vocês pensam que eu gosto de ver um homem mau morrer? - pergunta o SENHOR Deus. - Não! Eu gostaria mais de vê-lo arrepender-se e viver”. Ezequiel 18:23 NTLH

Deus não mata, a morte é resultado natural do pecado (Romanos 6:23; Tiago 1:14, 15). Deus pelo contrário conservou Eva com vida logo que ela comeu o fruto e pecou, e o mesmo fez a Adão, pois o plano de salvação já estava preparado antes que eles viessem a pecar, devido a onisciência de Deus. Se não fosse assim, Eva nem mesmo teria conseguido levar o fruto para Adão comer. Ao entender que a morte seria um castigo que Deus iria aplicar a eles por terem pecado, acabamos interpretando de forma errada a Escritura. Adão e Eva provavelmente tinham sabedoria suficiente que em caso de descumprimento da regra, poderiam buscar por Deus para achar uma solução. Mas eles resolveram tentar tapar o buraco, ou melhor, a nudez física deles, com folhas de figueira (Gênesis 3:7). O pior não era a nudez física, mas a nudez espiritual, e essa não tinha nada que eles pudessem usar para cobri-la.

“8E, ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim à tardinha, esconderam-se o homem e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. 9Mas chamou o Senhor Deus ao homem, e perguntou-lhe: Onde estás”? Gênesis 3:8, 9

Deus foi ao encontro do casal como fazia de costume, mas desta vez eles não se apresentaram perante o Senhor. Deus sabia onde eles estavam escondidos, mas os procurava para mostrar que embora o homem tente se esconder e fugir de Deus, Ele vai atrás de nós e nos acha onde quer que for, pois Ele nos ama e não nos abandona.

Você já tentou se esconder de Deus? Está tentando fugir dEle? Pois sabia que não há motivo para você fugir de Sua presença e se esconder dEle, até porque isso não vai adiantar nada. Muitas vezes me deparei com meus pecados assim como Paulo, e pesava na minha consciência, pois eu reconheci minha condição como pecador, reconheci que necessitava de um Salvador, e Cristo se apresentou para fazer esse papel, eu aceitei o sacrifício gratuito realizado na cruz, confessei meus pecados depois de se arrepender deles, e pela fé creio que recebi o perdão de Deus. Passei pela cerimônia de batismo no dia 28 de julho de 2013, e sabia muito bem do significado desta cerimônia, que é enterrar, sepultar aquela vida vendida ao pecado, e buscar por uma nova vida de santificação com Cristo Jesus. Não demorou e logo a dúvida pousou em minha mente: como posso eu, um justificado, salvo, perdoado, filho de Deus cometer pecado novamente, sabendo que o que fiz era errado, e mesmo assim fui e pequei? Como eu disse antes, mesmo passando por todo esse processo de redenção, do arrependimento ao batismo, ainda sou um pecador, a natureza pecaminosa ainda está em mim. Só consegui entender quando percebi que Paulo também teve essa dúvida, mas achou a sua resposta na Graça de Deus, conforme o texto que citei de 2 Coríntios 12. Eu decidi que não posso jogar fora todo o simbolismo da cerimônia do batismo. Não fui para aquele tanque batismal à toa, para voltar a fazer e se conformar com os pecados que pratiquei em meu passo, eu fui para o batismo pois eu queria, e ainda quero, essa vida nova na qual Deus prometeu em sua Palavra. Para isso eu preciso ser perseverante e lutar com o pecado todos os dias, e se acaso cair, não posso me conformar com minha situação, eu tenho que me ergue e continuar, pois, eu ainda não morri e Jesus ainda não voltou, e por isso não desistirei, lutarei até o fim. Mas o texto que mais chama a minha atenção para o conflito entre o espiritual e o carnal que Paulo teve, e eu também tenho, e muitos outros tem, é o de Romanos 7:14-25.

“14Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. 15Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço. [...] 17Agora, porém, não sou mais eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. 18Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está. 19Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico. 20Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. [...] 21Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte”?

Este relato é uma clara evidência da luta entre o bem que está em nossa consciência, e o mal que está em nossa natureza carnal. Eu quero fazer o bem, mas nunca consigo fazê-lo nem no mais nobre ato de justiça e amor ao próximo, pois sou um pecador, e como Paulo disse, “em mim não há bem nenhum”. Por isso eu necessito de um Salvador, por isso necessito da Graça para ser salvo. Veja a resposta que Paulo dá para a própria pergunta que ele fez no verso 24:

“Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor! De modo que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado”. Romanos 7:25

“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. Romanos 8:1


Para finalizar

Você acredita que a salvação é pela Graça? Eu tenho um primo que me relatou que seu sogro, conhecedor da Palavra de Deus e da Graça, disse que para ele não há salvação, pois ele cometeu um pecado que para ele resta apenas esperar Deus o mandar ao inferno. Lhe falta esperança nas promessas de Deus, porém em Eclesiastes 9:4 diz que enquanto há vida, há esperança. Não podemos nos julgar como salvos ou perdidos, pois isso a Deus pertence. Nossa tarefa é buscar o arrependimento, o perdão de Deus, e ter fé em Sua promessa de misericórdia.

Repito a pergunta: Você acredita que a salvação é pela Graça? Então porque você vive como se fosse pelas obras? Porque você teima em viver como se sua salvação dependesse do que você faz ou deixa de fazer? Pare com isso imediatamente, pois é uma tremenda incoerência você dizer que crê na Graça se você vive pelas obras. Aceite a Cristo como seu salvador, não deixe Satanás fazer o papel dele de Diabo, o Acusador. Eu tenho contato com pessoas que passam por esse problema, e percebo que isso é um processo, as vezes rápido, mas gradual. Veja só meu raciocínio.

Degraus para a apostasia:

1. Deixa de orar (não se sente digno de procurar Deus para orar a Ele);
2. Deixa de ler a bíblia (perde a vontade de consultar as Escritura, e assim acaba não relembrando das promessas de salvação);
3. Não faz a meditação matinal (deixa de ter comunhão com o Senhor);
4. Não estuda a lição da Escola Sabatina (acaba perdendo a chance de conhecer mais a Palavra de Deus);
5. Deixa de ir à Escola Sabatina (já não estuda a lição, e nas reuniões de classe não consegue se expressar e participar do grupo e por fim perde a vontade de participar dela);
6. Deixa de ir aos cultos (começando com os cultos de quarta e domingo, e por fim deixa de ir aos sábados também);
7. Se distancia dos irmãos (desaparece e não faz questão de manter contato com os irmãos, ou ainda fica esperando que parta deles a decisão de que deveria ser sua em busca por Deus e orar clamando perdão);
8. Apostata da fé (último e mais perigoso nível, pois o seu coração pode se endurecer ao chamado do Espírito Santo, e assim cometer realmente um pecado imperdoável, porém, ainda há chances de você voltar atrás e ser salvo pela Graça). 

Resista ás acusações do Diabo, ele perdeu na cruz, não deixe se tornar um perdedor como ele é, há esperança para você ainda, por mais que você seja fraco perante ele, você pode achar refúgio em Deus, e ele te dará a armadura necessária para enfrentar os desafios desta vida e as ciladas que o inimigo coloca diante de ti (Efésios 6:10-18). Cristo está te esperando de braços abertos, como o pai da parábola do filho pródigo (Lucas 15:11-32), corra para ele.


Lucas Alessandro Maciel de Carvalho
Secretaria e Comunicação
IASD Central de Santo Ângelo - RS
Missão Ocidental Sul-Rio-Grandense
União Sul-Brasileira
Divisão Sul-Americana

Convido você a meditar nesta linda canção.
Pedaços - Gabriel Iglesias & Coral UNASP



Abaixo estão os slides usado. Para baixá-los, clique na imagem, para ampliá-la, e depois baixe a imagem em seu dispositivo.

Aqui estão as fotos do meu batismo, que utilizei juntamente nos slides.

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